fui encontrar-me com o tempo,
na janela aberta.
vestígios de saudade envolviam-me.
pensei ser eu o tempo,
aquele que me dá horas
que me contamina os dias.
o tempo com sombras
desligadas da luz
e da memória.
contemplei o horizonte
e o tempo não era eu.
sinuosas buganvílias
cresciam no meu olhar,
entre sorrisos definhados
de um silêncio que não me abandonou.
arde-me o sal dos dias de amar
numa ausência inabitada.
o tempo tem hora
tem meia verdade por direito,
traz a mancha, o vicio, a pausa mágica
o instante é destino
ou delírio emudecido,
vestido com a verdade
que se foi no vento da ironia
de um vazio turbulento.
a voz do mar emerge
num tempo sem vício,
a janela fecha-se
à melancolia inóspita das palavras
em meio rosto disfarçado de nadas.
surgem afectos, lembranças e indiferenças
grito para sentir o silêncio.
fico do lado de cá do tempo
que não existe e espero.
repentinamente sem a chamar
aparece a pausa,
a pausa sem tempo!
l.maltez